A Igreja Bom Jesus do Cabral é uma igreja localizada no bairro do Cabral, em Curitiba, no estado do Paraná.
Curitiba, no século XVIII contava com cinco igrejas: a Matriz (que foi demolida por volta de 1875), a da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas (1737), a de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a de São Francisco de Paula e a do Senhor Bom Jesus do Cabral.
Por volta de 1911, havia no Alto do Cabral, na confluência da Av. João Gualberto e Av. Paraná, pequena gleba com a Capela do Senhor Bom Jesus, pertencente à Mitra Diocesana. Em 1912 o Senhor Bispo, Dom João Francisco Braga a cedeu graciosamente aos Passionistas recém vindos da Itália.
Desde então, por concessão especial de sua Excelência começaram a se realizar nela as funções paroquiais.
Até que em 15 de dezembro de 1936, por decreto de Dom Ático Eusébio da Rocha, Bispo Diocesano, a antiga capela foi elevada à condição de Paróquia.
Desmembrada da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, passou a ser oficialmente Paróquia do Senhor Bom Jesus do Cabral. Esta paróquia, desde a sua criação, foi dirigida pelos religiosos Passionistas, pertencentes à Congregação da Paixão Cristo, fundada por São Paulo da Cruz. Em lugar da antiga capela do Senhor Bom Jesus do Cabral, situada então no descampado, foi construída a Igreja atual cuja primeira pedra foi lançada em 24 de maio de 1914. Em 1918 pôde ser franqueada ao público. Em novembro de 1955, o Arcebispo Dom Manoel da Silveira Delboux benzeu a primeira pedra para a construção das naves laterais da Igreja. Em seguida foi erguida outra torre, realçando sobremaneira o aspecto do templo.
No decorrer destes 80 anos de existência, a Paróquia do Senhor Bom Jesus do Cabral, ocupando no início grande extensão, foi desmembrada em diversas outras, devido ao grande desenvolvimento desta região.
São Paulo da Cruz
Paulo Danei Massari nasceu em Ovada, Itália, a 3 de janeiro de 1694, tendo-se mudado, mais tarde, para Castellazzo-Bormida, não muito longe da sua terra natal. A sua mãe ensinou-o a ver na Paixão de Jesus Cristo a força para superar todas as provas e dificuldades. Assim, enamorado de Jesus Crucificado desde criança, quis entregar-Lhe toda a sua vida.
Durante uma grave doença, a visão do inferno horrorizou-o. Ouvindo a pregação de um sacerdote, o Senhor iluminou-o relativamente ao amor de Cristo Crucificado: foi o momento a que ele próprio chamou de “conversão”.
Por volta de 1715-1716, desejoso de servir a Cristo, apresentou-se em Veneza e alistou-se no exército. Queria lutar contra os turcos, que então ameaçavam a Europa, com mística de cruzado,enquanto adorava o Santíssimo Sacramento, numa igreja, compreendeu que não era aquela a sua vocação. Abandonou a carreira militar, serviu durante alguns meses uma família e regressou a casa. Embora o seu tio sacerdote prometesse deixar-lhe toda a sua herança no caso de vir a casar, Paulo renunciou à oferta.
Segundo um testemunho, uma aparição da Virgem Maria permitiu-lhe conhecer o hábito, o emblema e o estilo de vida do futuro Instituto, que teria sempre Jesus Cristo Crucificado como centro. O Bispo de Alexandria, Mons. Gattinara, ouvido o conselho de confessores prudentes, revestiu-o com o hábito da Paixão, a 22 de novembro de 1720. Passou 40 dias na sacristia da igreja de S. Carlos, em Castellazzo. As suas experiências e o seu estado de espírito, durante aquela “quarentena” conservaram-se até hoje com o nome de “Diário Espiritual”. Além disso, elaborou um esboço das Regras, destinadas a possíveis companheiros, aos quais chamava de “Os Pobres de Jesus”. O seu irmão João Baptista, que o visitava, quis associar-se a ele, mas Paulo, naquela altura, não o permitiu.
Concluída a experiência, o Bispo autorizou-o a viver na ermida de Santo Estevão, em Castellazzo, e a realizar apostolado como leigo. No Verão de 1721, viajou até Roma, no intuito de obter uma audiência Papal para explicar as luzes recebidas sobre uma futura Congregação. Os oficiais do Quirinal, onde residia o Papa, não o deixaram entrar, pois pareceu-lhes tratar-se de mais um aventureiro.
Aceitou a humilhação que o configurava a Jesus Crucificado e, na basílica de Santa Maria Maior, perante a Virgem “Salus Populi Romani”, fez voto de se consagrar a promover a memória da Paixão de Jesus Cristo.
De regresso à sua terra, deteve-se um pouco em Orbetello, na ermida da Anunciação do Monte Argentário. Ao chegar a Castellazzo, encontrou-se com o seu irmão João Baptista e, juntos, resolveram levar uma vida eremítica no Monte Argentário. Depois, a convite de Mons. Pignatelli, deslocaram-se para a ermida de Nossa Senhora, em Gaeta.
Mais tarde, Mons. Cavallieri recebeu-os durante algum tempo, em Tróia, tendo regressado a Gaeta, mas, desta vez, para o Santuário da Virgem da “Civita”, em Itri. Os esforços de fundar uma comunidade fracassavam sempre. Para serem pregadores da Paixão era necessário tornarem-se sacerdotes. Por isso, resolveram viajar para Roma. Enquanto estudavam a Teologia, foram prestando o seu serviço no hospital, atendendo os doentes infectados pela peste. O Papa saudou-os em El Celio, junto à igreja chamada ‘La Navicella’, e deu-lhes uma autorização oral de poderem fundar no Monte Argentário. Uma vez ordenados sacerdotes, em 1727, os dois irmãos abandonaram Roma e dirigiram-se para o Monte Argentário.
Iniciaram o seu apostolado entre pescadores, lenhadores, pastores, etc. Rapidamente foram-se juntando companheiros, entre eles o seu irmão António e sacerdotes bem preparados. Os Bispos dirigiam-lhes pedidos para missionarem as terras daquela zona. Quando ali se declarou a guerra dos Presídios, Paulo exercia o seu ministério em ambas as facções, sendo bem recebido dos dois lados.
O primeiro convento, dedicado à Apresentação, foi inaugurado em 1737. Paulo apresentou as Regras para o novo Instituto, em Roma. Depois de algumas alterações, viriam a ser aprovadas por Bento XIV em 1741.
O Fundador foi contemporâneo de grandes pregadores como S. Leonardo de Porto Maurício, a quem cumprimentou em determinada ocasião, e S. Afonso Maria de Ligório, a quem não chegou a conhecer. Tal como a eles, o amor a Jesus Crucificado impelia-o para o serviço apostólico das missões.
Embora tenha sido sempre Superior Geral, desde 1747, não deixou de pregar nem de escrever cartas como diretor espiritual. O Instituto teve alguma oposição dentro de um sector da Igreja, facto que determinou a suspensão da fundação de vários conventos, até que uma comissão pontifícia deliberasse em favor dos Passionistas.
Defendeu sempre, com grande determinação, para toda a Congregação, o espírito de solidão, pobreza e oração, não só com os seus conselhos, mas indicando também o exemplo do seu irmão João Baptista. Quando este morreu em 1765, Paulo sentiu-se como um órfão.
Após a supressão da Companhia de Jesus, Clemente XIV levou os Padres da Missão à igreja de S. André do Quirinal e concedeu a Paulo da Cruz a casa e a basílica dos Santos João e Paulo que eles tinham em El Celio. Nela, a dois passos do Coliseu de Roma, viveu o Santo os últimos anos da sua vida; ali recebeu as visitas de Clemente XIV, em 1774, e de Pio VI em 1775, e ali faleceu, uns meses mais tarde. As suas relíquias conservam-se em capela própria, inaugurada na basílica em 1880.